Saber ler a mente já pode ser uma coisa transcendente, mas aprender a ler o corpo não é assim tão difícil.
Para começar, cada pessoa devia aprender a ler o seu e não é preciso um espelho para começar a fazer isso. Ler o que se sente. Onde se está. O que nos rodeia. O que percecionamos mesmo quando estamos de olhos fechados.
Ler o corpo de um animal é pois a lição seguinte e aquela em que decidi que iria tirar MUITO BOM. Estudei veterinária, mas só quando comecei a mexer com a bicharada a sério, aos 23 anos, se fez o clique. Aí comecei a Ler.
A expressão de emoções nem sempre é clara, tanto em cães quanto em pessoas, porque nem todos gostam de se expor. Confesso que nunca me quis tornar mestre em interpretação de sinais humanos, ao passo que perceber os cães sempre foi a minha praia.
Ganhar a confiança de um animal para que ele me revele como se sente é cada vez mais fácil, mas espelhar essa energia do "confia em mim que eu estou aqui para te ajudar" requer um momento de calma.
Por vezes os donos precisam de sair da sala e reconheço à légua que precisam também de recuperar-se. Um "lar" enfermo de sentimentos é um nicho de doenças à espera de os e nos atingir.
Não é com maldade que pegamos num animal para ser a nossa outra metade, porque nos sentimos desconsolados e queremos o amor puro. Contudo, devemos estar cientes de que temos de ser nós a força e a energia que os recebe e acolhe. Partilhamos uma mesma energia e ninguém tem o direito de drenar ninguém.
Tudo o que influencia positivamente o nosso espírito também os ajuda a eles. Toda a nossa escuridão os consome também a eles. Os animais são uma luz que não temos o direito de obscurecer.
Acredito que os animais nos lêem ainda melhor. E estão cada vez mais sábios. E meditam bastante, mesmo. Damos-lhes vidas sossegadas em que dispõem de muito tempo para meditar.
E estão aqui para manter toda esta emergia a circular e a servir de luz de presença quando por vezes todas as outras luzes se apagam.